Entrevistas Paulo Bastos - Mestrado

Entrevista – Pedro João (Palankalama) – 22/03/2018

ENTREVISTA: Pedro João

RESIDENCIA: Porto

NATURALIDADE: Porto

 

Que modelo(s) de cavaquinho toca? E com que afinações?

Até ao momento tenho tocado sempre com o modelo de cavaquinho minhoto, que é o mais comum e que mais se encontra nas lojas de música. Tenho usado somente a afinação ré-lá-si-mi (de cima para baixo)

 

Há quanto tempo toca cavaquinho? Como é que tudo começou? (pequena biografia no que diz respeito/orientada ao cavaquinho)

Toco cavaquinho à cerca de 6 anos. Comecei a tocar porque dividia casa com um amigo que tinha um cavaquinho do avô -que era um dos músicos do conjunto António Mafra – e de certo modo aquele instrumento despertou a minha curiosidade e teimosia.

 

O que o fascina no cavaquinho português particularmente? O que o faz apreciar e escolher o instrumento para se exprimir artisticamente?

Vejo o cavaquinho português como um instrumento com muita música ainda dentro de si e por sair, por ser tocada e descoberta. Interessa-me igualmente o seu lado “dinâmico”/expressivo e afirmativo num instrumento tão pequeno e que quase parece um brinquedo.

 

Quais as suas referências e influenças musicais mais importantes na abordagem ao cavaquinho? E qual a sua importância?

Ouço música muito variada e de vários lugares do mundo e imaginários que me inspiram. Muitas das minhas referências vêm de outros instrumentos que não o cavaquinho, como a guitarra portuguesa, harpa, kora, charango, percussões variadas…. Nomeando alguns músicos, Edmar Castaneda, Gabor Szabo, Hermeto Pascoal, Jaime Torres, Norberto Lobo entre outros de igual importância. Geralmente procuro música ou músicos que transportem alguma “mística” ou que tragam um imaginário e linguagem que me estimule seja pela estranheza como pela familiaridade

 

Que outros instrumentistas/tocadores solistas de cavaquinho conhece que considera relevantes?

(Entenda-se como solista o instrumentista SOLISTA que faz um concerto do inicio ao fim em que o Cavaquinho é o ponto central/solista ou o instrumentista que tenha editado/gravado um ou mais CDs em que o cavaquinho é o ponto central/solista em todas as músicas ou quase na totalidade delas (quando se refere ponto central/solista pretende-se dizer instrumento que toca a solo sozinho ou que tocando em grupo faz a parte mais relevante e importante da música, ou seja o que típicamente se chama a melodia/parte principal).

No caso do cavaquinho português o Amadeu Magalhães e o Júlio Pereira são referências importantes. No caso do primeiro pelo rigor e exploração de técnicas, o segundo entre outras coisas pelo álbum que lançou nos anos 80 em que cimentou algumas bases e trouxe o cavaquinho para o “mainstream”.

Mais recentemente o Carlos Baptista, numa outra vertente, parece-me um músico de grande sensibilidade e com um trabalho que julgo curioso.

 

Que repertório utiliza nos seus projetos em que inclui cavaquinho? Desenvolveu algum repertório original/arranjos para Cavaquinho Português? Pode por favor enumerar aqui? Pode também fornecer partituras ou áudio ou vídeo ou link de internet para estes elementos multimédia?

Sei tocar alguns temas populares como viras, S.Gonçalo de Amarante, Ó meu menino jesus, etc; mas tenho a tendência para tentar compor grande parte do material que toco. Muito desse trabalho pode ser ouvido no disco “Boca de Raia”,editado em 2018, onde toco com a minha banda, Palankalama.

https://palankalama.bandcamp.com/album/boca-de-raia

 

Que técnicas utiliza no cavaquinho português? Quais das mesmas são as que utiliza com mais frequência?

Não sei muito bem nomear técnicas, mas o rasgado, o ponteado, dedilhados e tudo o mais que conseguir e quiser fazer. Acho que as técnicas , como tudo o resto, têm de servir as músicas e procuro usa-las e adapta-las de acordo com esse critério.

 

Acha viável uma carreira de músico solista especializado e fazendo carreira apenas e só no cavaquinho português (sem necessitar de tocar mais nenhum instrumento)?

Acho possível e interessante, só não me parece é de todo viável.

 

Quais as dificuldades que teve (ou acha que teria) ao tentar ser um músico solista de cavaquinho?

As principais dificuldades, além das inerentes à divulgação/promoção e remuneração do meu trabalho, estão ligadas à exploração do cavaquinho e à “conquista” ou descoberta do lugar que este instrumento pode ocupar em diferentes contextos musicais

Quais as facilidades e vantagens que considera ter (ou que pensa que teria) como músico solista de cavaquinho?

Essencialmente recepção do público e promotores de eventos musicais e remuneração dos artistas.

 

Considera que faz sentido explorar o cavaquinho português como instrumento solista? Porquê?

Acho que faz tanto sentido como com outro instrumento qualquer, tudo depende da criatividade e engenho

 

Como vê o futuro do cavaquinho português enquanto instrumento solista?

Julgo que no geral está de saúde, atendendo nos instrumentistas e construtores que têm surgido. Parece-me que no geral estão a surgir apoios, plataformas para discussão e apresentação de trabalhos e mais importante ideias do que fazer com este instrumento.

 

Que projetos tem para o futuro no que diz respeito ao cavaquinho Português?

Essencialmente continuar a compor e a fazer música com o cavaquinho, experimentando sonoridades, contextos e imaginários diferentes.

 

Que assuntos gostaria de ver estudados sobre o cavaquinho português?

Essencialmente assuntos relacionados com a construção e amplificação deste instrumento. Igualmente no tocante à história, percurso e reportório julgo haver ainda muito por descobrir e experimentar.

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